23 de outubro de 2009

Fórum de discussão

Navegue pelo nosso Blog e participe do FÓRUM de discussão sobre a construção de barragens no Alto Ribeira

20 de outubro de 2009

Vale do Ribeira

O Vale do Ribeira é uma região que se localiza entre São Paulo e Paraná, constituída por 31 cidades, sendo 22 paulistas e 9 paranaenses.
Essa região foi muito ocupada no século XVI, quando os portugueses lá chegaram trazendo escravos. Um pouco mais para frente teve um grande número de moradores, pois em Iporanga se tinha muito ouro, mas após descobrirem uma grande quantidade de ouro em Ouro Preto, a economia da cidade piorou, até que começaram no século XVIII a terem plantações de arroz, e hoje em dia eles têm principalmente plantação de Chá e de Banana.
Ao visitarmos a cidade de Iporanga, localizada no Vale do Ribeira percebemos que os moradores dessa região são bem simples, a escolaridade, posto de saúde não tem muita estrutura. Por exemplo, se alguém tem problemas sérios na região de doença, a pessoa é encaminhada para uma outra cidade para ser tratada, por não ter condições na cidade para um tratamento bom.
Além da monocultura de chá e banana, a população vive do turismo ambiental, que ano passado começou a ser controlado. O turismo é a melhor fonte de renda as pessoas da região, e, além disso, essa área é de preservação da Mata Atlântica, abrigando uma grande variedade de animais e plantas ameaçadas em extinção. Além disso, o Vale do Ribeira abriga 273 cavernas registradas muito belas, onde parte da história do Brasil foi encontrada (por fósseis, marcas, etc...). Por essas maravilhas naturais que a região abriga ela deve continuar a ser preservada, como o que conhecemos, o PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira).
Podemos observar que com a construção dessas barragens o número de desempregados seria enorme, porém a CBA diz que irá empregar muitas pessoas ao longo da construção da barragem. Alguns moradores da cidade de Iporanga (que visitamos) não puderam dar suas opiniões sobre as barragens por não saber do que o assunto tratava. Por outro lado, pessoas que sabiam sobre o assunto, se posicionaram contra as construções, para não prejudicar ninguém e principalmente as áreas de preservação de Mata Atlântica.

FOTOS

Rio no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira


Monocultura de banana; a principal forma de renda da população do Alto Ribeira



Vista do Rio Ribeira de Iguape da comunidade quilombola de Ivaporunduva.



Comunidade quilombola de Ivaporunduva



Entrada da caverna Morro Preto, onde fósseis de animais (como da Preguiça Gigante) foram encontrados.



Pelas faltas de condições, este homem utiliza um carrinho de mão para transportar uma televisão velha.


VÍDEO:
Este filme se trata de um morador da comunidade quilombola, o Bico, que fala sobre as barragens que serão construídas ao longo do rio, pela CBA, e como elas afetarão a região.

Iporanga

Iporanga é uma cidade próxima da divisa entre São Paulo e Paraná com uma população de mais ou menos 4.613 habitantes, 4 por Km². O povoado de Iporanga começou a ser habitado no século XVI, quando foi descoberto ouro do rio Ribeira de Iguape. Essa fase de Iporanga durou até descobrirem metais preciosos em Minas Gerais. Muitos garimpeiros ficaram em Iporanga, coletando o pouco ouro que tinha no rio Ribeira.
Hoje, em Iporanga, há uma enorme restrição da expansão da cidade por causa das inúmeras leis ambientais de proteção do PETAR e do território ao redor da cidade. Essas leis também proíbem as firmas de se implantar em Iporanga, gerando bastante desemprego na cidade. Sua grande força econômica é o turismo. Porém, os turistas vêm para Iporanga não para ver a cidade, e sim para visitar as cavernas e áreas de preservação do PETAR, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira. Há quase 20 anos, a região se tornou ponto de interesse para a construção de quatro usinas, são elas: Batatal, Tijuco Alto, Itaóca e Funil.
O sistema de saúde da cidade é bom, apesar de não ter nenhum hospital dentro do município. Quando algum acidente acontece em Iporanga, os feridos são enviados para Pariquera-Açú, distante 1 hora e meia de viagem. Lá em Iporanga tem um grupo de médicos chamado PSF (Programa Saúde da Família), que visita as famílias uma vez por mês. A arrecadação da cidade é muito baixa, pouco dinheiro para um município inteiro. Em relação à construção das usinas e barragens, a maioria dos moradores da cidade é contra, mas o governo da cidade é a favor, apesar de que eles não acreditam que é possível a construção da barragem que ficará próxima à Iporanga. ”Ambiente mais atrapalha do que ajuda" diz um dos vereadores da cidade, Nelson, que nos recebeu juntamente com Otacílio. Os argumentos dele de que a usina será boa para a cidade refere-se aos empregos e turismo, que irão aumentar se a usina for construída. A Companhia que quer implementar essa usina ainda não fez uma audiência em Iporanga, nem mostrou projetos para a melhoria da cidade depois da usina.

FOTOS

Ruas de Iporanga


Ponte do Rio Ribeira de Iguape


Igreja de Iporanga



Escola de Iporanga. É a única escola do município



Câmara Municipal de Iporanga vista de dentro



Câmara Municipal de Iporanga vista de fora

VÍDEO: Nelsinho, vereador de Iporanga.



Turismo e Meio ambiente

Comunidade Quilombola

Os quilombos foram formados por escravos fugidos, brancos pobres e índios. Na história do Brasil houve vários quilombos, que lutaram por sua liberdade, mas muitos não conseguiram. Um dos mais resistentes, foi o quilombo de Palmares. Hoje em dia, os quilombos passaram a ter posse de suas terras, por causa de uma lei aprovada em 1988.
O Quilombo de Ivaporonduva. É localizado no município de Eldorado, nas margens do Rio Ribeira de Iguape, composto por 80 famílias, mais ou menos 308 habitantes. Ele é o mais antigo do Vale do Ribeira e há documentos dizendo que o quilombo foi formado no Sec. XVII.
O Quilombo tem como características a agricultura de subsistência de arroz, mandioca, feijão, milho, verdura e legumes. Também fazem o comércio de bananas orgânicas, que é muito forte na região. Os quilombolas fazem negócios com várias empresas , como o Pão de Açúcar, por exemplo. O comercio de bananas é a principal atividade comercial deles, e que traz maior geração de renda.
Os maiores problemas enfrentados pelo quilombo, foi a luta árdua pela posse de suas terras, mas atualmente existem outras dificuldades, como a escola que só vai até a quarta série e quem quiser terminar de estudar terá que pegar um ônibus, que é fornecido pela prefeitura, e percorrer 6 km, até chegar a escola mais próxima. Além disso, também a possível construção das usinas, que alagaram todas as suas terras.
Os quilombos se relacionam muito bem, combinam datas, e se encontram em um local, mas não para vender e sim para trocar semente entre si. Outro aspecto é que os quilombolas ganham um pouco com o turismo.

FOTOS

Bananas, a principal atividade de comércio


Mata Atlântica


Centro do Quilombo



Habitações no Quilombo


Vista da chegada ao Quilombo




Entrada do Quilombo



VÍDEO

Petar

O Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira é considerado uma das maiores unidades de conservação do mundo. Contém 300 cavernas aproximadamente e abriga a maior parte remanescente de Mata Atlântica preservada do Brasil. É reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Fica localizado no Estado de São Paulo, no Vale do Ribeira, entre as cidades de Apiaí e Iporanga, a 320 km da capital.
A história do parque começou há 50 anos, quando o governo, sem avisar ninguém, fechou a área e decretou que estava proibido o extrativismo (principalmente de palmito) e outras atividades antes legais naquela região. Isso foi em 1958, quando não tinha o “T” na sigla do parque, pois não era aberta a visitação. Sem ter no que trabalhar, a população local investiu na produção de derivados da banana. Alguns continuaram com o extrativismo ilegal.
Um tempo depois, o departamento de Turismo e Meio Ambiente resolveu promover cursos para formar monitores/guias locais. Foram 274 monitores formados ao longo de todos os cursos, mas apenas 30% deles exercem essa atividade hoje. A maioria não se adaptou muito, principalmente com outras línguas com e até tinham vergonha, então, resolveram voltar para o extrativismo ilegal na região.
As cavernas do Petar são variadas: a caverna Santana é uma das cavernas que contém mais espeleotemas no Brasil. Tem 7 km de extensão, mas apenas 800m abertos para visitação. Possuí salões muito bonitos e várias formações curiosas, como a pata de elefante e a cabeça de cavalo, a bailarina e Jesus Cristo. A caverna do Morro Preto é relativamente pequena e não tem água. O teto é desmoronado e seus pedaços podem ser vistos no chão. Algumas partes são extremamente escuras se apagarmos todas as lanternas. A caverna do Couto também é uma caverna de desmoronamento e é muito escura. Tem muitas rochas no chão e duas entradas.
Um assunto que preocupa os monitores, guias locais, moradores da região e pessoas do departamento de turismo e meio ambiente, é a construção das barragens, pela CBA (Companhia Brasileira de Alumínio) e futuramente pela CESP (Companhia Energética de São Paulo). Todas as pessoas que entrevistamos eram contra a construção. Essas pessoas não querem perder sua cultura e nem sua fonte de renda. Muito menos suas raízes. Se houver a construção, muitas cavernas (as consideradas sem importância pelo governo) serão alagadas, estragando assim o turismo da região. Assim como a Mata Atlântica, que já tem pouca e não precisa ter menos ainda. Essas pessoas que entrevistamos nasceram lá, (a maioria), e não querem que o lugar de onde elas vieram seja destruído em função de uma empresa, que só trará benefícios para ela mesma. Temos sempre que pensar num tripé. Se o ambiental tiver problemas com o alagamento, o econômico cairá, pois não haverá mais tanto turismo, e sem o turismo, a venda dos artesanatos. Assim, o social também cairá, porque a população estará mais pobre.

FOTOS


A interferência do homem



O que resta de Mata Atlântica



O tesouro da caverna



Maravilhas jamais imaginadas



Um reino subterrâneo



Milhões de anos de formação

VÍDEO:
Um patrimonio a ser preservado

Companhia Brasileira de Alumínio (C.B.A)

A construção da Companhia Brasileira de Alumínio iniciou um novo ciclo do desenvolvimento da metalurgia no País. A exploração da matéria-prima, bauxita, já havia sido iniciada em 1931 na região de Poços de Caldas, MG.
A antiga Rodovalho, cidade de Alumínio, era ainda uma pequena cidade quando foi escolhida estrategicamente para a construção da Fábrica da CBA. A cidade é hoje um município de 15 mil habitantes que concentra a maior indústria de alumínio do mundo, onde é feito desde o processamento da bauxita até a fabricação dos produtos fundidos e transformados.
A Companhia está espalhada pelo país por meio de Filiais, Usinas Hidrelétricas, Unidades de Mineração, Fábrica, Escritório Central e Escritório de Vendas.
A CBA patrocina muitas atividades culturais, investe na construção e manutenção de escolas, centros de saúde, ginásios esportivos, piscinas e centros de lazer.
Na sua fábrica, em Alumínio, SP, a empresa desenvolve o Projeto Família na qual os trabalhadores da Fábrica têm a oportunidade de fazer parte do Coro Masculino e do Grupo de Teatro da CBA, que se apresentam nos eventos internos da Companhia. E para aqueles que não concluíram o Ensino Fundamental e Médio, a CBA oferece a oportunidade de voltarem aos estudos.
A CBA está investindo na construção de usinas hidrelétricas, pelo simples fato da grande diminuição de despesa que terá. Ha alguns anos atrás, já queria fazer Tijuco Alto, na região do Vale do Ribeira, mas o processo foi interrompido pelo Estado. A questão ainda continua, mas a população local não muda sua forma de pensar, não quer de jeito nenhum que a contrução dessa barragem ocorra.
Não podemos afirmar que o Tijuco Alto vai inundar as cavernas do Vale do Ribeira, pois os estudos feitos mostram que 89% das cavernas estão localizadas acima do nível mais alto que chegará a água das usinas. Falam que só irá inundar duas cavidades naturais subterrâneas, que as duas não apresentam nada que outras cavernas não tenham.
Existe a afirmação de que as Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira iriam sofrer impactos com sua construção. A afirmação gerou uma série de polêmicas na sociedade, tornando-se uma questão política.
Os bairros Quilombolas do Vale do Ribeira localizam-se fora das áreas de influência da Usina de Tijuco Alto, podendo inclusive serem beneficiados ao controle de cheias.
Mas, como existem mais outras três barragens além de Tijuco Alto, as comunidades quilombolas falam: “se fizerem uma, farão as outras”.
O que persiste é uma questão política que causou a motivação aos quilombolas de organizarem o Movimento Contra Barragens.

FOTOS


Reserva de bauxita ainda não triturada


Ponte da CBA


O trem que leva minérios para a fábrica



Antes da bauxita triturada



Uma parte da fábrica



Antenas que abastecem a fábrica.


Vídeo:
Reserva de bauxita triturada



Usinas no Vale do Ribeira

Em meados da década de noventa, foi aprovada pelo governo federal a construção de quatro barragens (Tijuco Alto, Funil, Itaoca e Batatal) ao longo do Rio Ribeira de Iguape, localizado entre os estados de São Paulo e Paraná, considerado Patrimônio Natural da Humanidade.
Para que as obras comecem, é necessário que o projeto obtenha uma licença ambiental, ou seja, o realizador deve apresentar um estudo do impacto ambiental que o empreendimento poderá causar nas proximidades. Também é obrigatório que se faça um estudo de inventário, que vai apontar quantas barragens podem ser feitas num mesmo rio, de forma que cada uma possa produzir o máximo de energia.
A Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto (UHE Tijuco Alto), um projeto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) do Grupo Votorantim, está prevista para ser construída no alto curso. As outras três UHEs, Funil, Itaoca e Batatal, planejadas pela Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo), estariam todas rio abaixo de Tijuco Alto.
A UHE Tijuco Alto pretende gerar cerca de 150MW de energia, para uso exclusivo da CBA que, por ser uma das grandes produtoras de alumínio do país, consome bastante energia elétrica. A empresa se preocupa também em como conseguir mais energia para ampliar seus negócios. E ao ter grande parte de sua energia produzida em usinas particulares, mesmo que venha a faltar energia pública, que certamente iria para a população, a empresa não precisaria deixar de produzir uma tonelada sequer de alumínio, pois teria sua própria energia, mesmo que produzida a partir de rios públicos.
Os projetos irão gerar energia para fins privados e não para a população, e, ao contrário do que a CBA afirma, trarão poucos benefícios às cidades vizinhas, Iporanga, por exemplo, e muitos impactos tanto ambientais, - já que as barragens inundarão permanentemente uma área de aproximadamente 11 mil hectares, incluindo cavernas e Unidades de Conservação de Mata Atlântica -, como sociais e econômicos, pois estão projetadas para regiões com maior presença da agricultura familiar e comunidades quilombolas. As barragens ameaçam também as comunidades que dependem da pesca e do extrativismo marinho no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia –Iguape -Paranaguá.



Usina da CBA.


Rio Ribeira de Iguape



Mata Atlântica.


Vista da prefeitura da cidade de Iporanga


CBA Companhia Brasileira de Alumínio

Vista de dentro da Caverna do Couto do Vale do Ribeira

Opinião de um cidadão da comunidade quilombola sobre a construção das barragens.